E SOBRE A MORTE DE SAVIMBI?
JES disse: “… também participei na execução de muitos homens. Não estive envolvido diretamente na execução que levou à morte de muitos homens no 27 de Maio, mas tenho uma mão manchada de sangue tal como muitos dos meus compatriotas.
Sinto muito, por tudo que aconteceu. Lamento muito, por não ter conseguido deixar de saciar a fome feroz e implacável dos lobos que criei.
Acreditei piamente que ao alimentá-los, estaria a garantir confiança, sem esquecer que o nosso lema sempre foi preservar aqueles que connosco lutaram e estiveram na frente de combate.
Após a morte do camarada Jonas Savimbi, independentemente de termos posto um ponto final às guerrilhas, o mesmo fantasma veio ao de cima: o receio da UNITA voltar a reagrupar as suas tropas, uma vez que muitos dos seus generais e dirigentes ainda estavam vivos, tais como o general Numa, Isaías Samakava, general Kamorteiro, o camarada Abel, entre outros, que eram os cérebros pensantes, que faziam movimentar as peças de xadrez na guerrilha militar.
O plano sempre foi matar Jonas Savimbi, só assim conseguiríamos travar o único obstáculo que nos impedia de alcançar o objectivo de transformar Angola num só povo, uma só nação.
A concentração da nossa guerrilha sempre esteve focada no sul de Angola, uma vez que era a zona preferencial do camarada Jonas
Savimbi.
Tínhamos concentrado o nosso esforço estratégico na zona da Jamba, particularmente, no Bailundo.
Tínhamos recebido informações de que o camarada Jonas Savimbi tinha a sua vida concentrada nessa zona.
Claro que não confirmei presencialmente essas informações, eram relatos que me chegavam dos generais que estavam na frente da guerrilha.
Eram eles que me faziam chegar essas informações através dos assessores e auxiliares que me serviram durante longos anos.
Fazer parar o camarada Jonas Savimbi foi um processo complexo e difícil, porque como vós sabeis Jonas Savimbi foi um camarada que sempre esteve presente nos movimentos da luta pela libertação de Angola, e por isso, tivemos dificuldades acrescidas.
Porque ele dominava alguns dossiês de todo o processo da luta de libertação e dominava o sul do país.
Tinha as suas tropas, era um intelectual, podemos dizer que era um assimilado acima da média…”
In: “Confissões de um Estadista(pag. 61 a 62)”.
E até lá, estou-me nas tintas |
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